segunda-feira, 4 de agosto de 2008

CE na Folha do Estado

O jornal Folha do Estado publicou hoje, na capa de seu caderno de cultura (FOLHA3), uma matéria a respeito da Contos Extraordinários. Segue a matéria, transcrita na íntegra (mesmo) da edição impressa:

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Arte que é verdadeiramente independente!
RONIVALDO RIBEIRO
Reportagem Local

Quem tem ou já teve alguma pretensão literária sabe como é difícil manter a regularidade do ofício. Entre o escritor e seu trabalho, há sempre as exigências mais urgentes do mundo, a súplica dos pais e o chamado inevitável da rua e dos amigos para que se volte ao “mundo real”.

Há, ainda, o desamparo trazido pela ausência da namorada ou simplesmente o prosaico desejo de concórdia humana que todos carregam em si. Pra piorar, tem também as dificuldades práticas, como a de não se ter meios disponíveis para divulgar e distribuir sua arte, que no fim das contas vai ser valorizada por muito pouca gente.

Mesmo com todas essas dificuldades, há os que insistem em se meter nessa selva escura. Ricardo Santos é um deles. As barreiras subjetivas ele vence como todo mundo e os problemas práticos... bem, contra esses o escritor resolveu montar um exército de dois homens só. Ou melhor, uma editora de apenas dois.

“Escrevo desde os 10, 11 anos e nunca quis fazer outra coisa na vida. Já trabalhei com jornalismo, mas me decepcionei com o dia-a-dia das redações, então, tranquei a faculdade e resolvi montar uma editora alternativa com o Mauro Thompson. Combinamos que eu escreveria e ele iria ilustrar as histórias”, conta Santos.

Não obstante, quando os dois descobriram quanto dinheiro isso custaria da forma convencional e como o amor à literatura pulp fiction e aos quadrinhos era latente, resolveram levar a sério o lema punk “faça você mesmo”.

Por conseqüência, logo Ricardo se viu às voltas com as impressões a jato de tinta em papel sulfite, a guilhotina de escritório e o grampeador para poder lançar o primeiro volume de seus “Contos Extraordinários”, de periodicidade “quase semanal”, uma tiragem média de 250 exemplares, apenas R$ 3 de valor de capa e produção feita absolutamente no peito e na raça.

“Tem os que esperam e brigam por dinheiro público ou privado para só então levantar a bunda da cadeira e fazer qualquer coisa. Gosto de pensar que conseguimos correr atrás e fazer algo verdadeiramente independente aqui em Cuiabá”, argumenta Ricardo Santos.

O processo também leva à completa liberdade artística. “Como ninguém banca o que fazemos, não temos que responder a ninguém. Logo, podemos fazer tudo de forma não convencional, do texto à impressão”, lembra Ricardo.

Como suporte aos livros-revistas, o escritos criou um blog – http://www.contosextraordinarios.blogspot.com/ – para deixar o leitor completamente ciente de como é a produção dos contos e dos desenhos. “Nós contamos tudo com textos e fotos”, como bons viciados em HQ’s.

Os principais temas de Ricardo Santos, Mauro Thompson e agora Alex Leite passam pelo caos e a violência da existência humana no concreto e no asfalto. “Gosto de pensar no que escrevo como crônicas da vida urbana”, define o próprio Ricardo.

A inspiração para as histórias teve uma pequena ajuda – e todo mundo que escreve sempre tem – de ramos aparentemente tão díspares da arte quanto da literatura de Chuck Palahniuk (“Clube da Luta”, “Cantiga de Ninar” e “Sufoco” traduzidos para o português), Bernard Cornwell (“O Condenado” e a trilogia do Rei Arthur), das histórias em quadrinhos, Garth Ennis (autor de, entre outros, “Preacher”), Frank Miller (também escritor de HQ”s, criador do clássico “Cavaleiro das Trevas” e “Sin City”, entre vários outros), Neil Gaiman (Sandman), Mark Millar ( “O Procurado” e “Poder Supremo”) até os cineastas Quentin Tarantino (“Pulp Fiction”, “Kill Bill”, “Cães de Aluguel”), Guy Ritchie (“Jogos, Trapaças, Dois Canos Fumegantes” e “Snatch”) e Christopher Nolan (“Amnésia”, “O Grande Truque”, os dois últimos “Batmans”).

Tudo que o autor deseja agora, é seguir conseguindo escrever, produzir e distribuir ele mesmo seus livros. E Ricardo parece estar no caminho certo. “Já fiz contatos e mandei livros para São Paulo, Santa Catarina e até para os Estados Unidos. Quero ver se consigo ampliar minha capacidade de distribuição”.

Como o cara tem só 21 anos e a força de vontade típica dessa idade, fica difícil duvidar.

“Como ninguém banca o que fazemos, não temos que responder a ninguém. Logo, podemos fazer tudo de forma não convencional, do texto à impressão”, diz Ricardo
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Vale lembrar que na edição da semana passada do jornal CIRCUITOMATOGROSSO a Contos Extraordinários ganhou destaque na coluna Inclusão Literária, de Clóvis Matos. Ele também publicou uma nota em seu blog (clique AQUI para acessá-lo). Valeu pela força, Clóvis!

Quanto à edição 4, ela atrasará um pouco mais que o normal, pois tive que me ausentar da cidade por alguns dias e interromper o processo de produção. A intenção é que ela esteja pronta para ser revendida no Festival Calango, realizado em Cuiabá, que começa no dia 08 de agosto (sexta-feira).

Em breve postarei mais informações. Esperem por alguns novos desenhos, assim como a revelação de uma grande surpresa, inclusa na quarta edição.

4 comentários:

Anônimo disse...

Nem sabia que o pai da Maíra tinha blog... x]

Esse último Fuga Alucinda, eu não curti muito, li na chapada esse final de semana! Prefero o primeiro até agora!
:D
Parabens pelo sucesso ai!
Estou a espera da próxima!
beijos!

Unknown disse...

Parabens suas bichas!!!

Lembrem-se:

"Do what thou wilt shall be the whole of the Law"

Keep going...

Anônimo disse...

Te admiro pelo esforço e por acreditar em tudo que faz. Você ainda vai longe, e com meu apoio (sempre). Beijos.

Anônimo disse...

Isso ae Xuxão. Parabéns mais uma vez cara.
Ja vou buscar a 04 essa semana mesmo.