sábado, 30 de agosto de 2008

Capa da 5ª edição!



É só clicar na imagem para ampliá-la!
E aí, o que achou? Comente!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

*Metamorfose Colossal - CEBolso nº 1

O conto a seguir é da autoria de Cristiano Imada, e constitui, junto de Aurora (post anterior) a primeira edição da Contos Extraordinários Bolso.

----------------------
Metamorfose Colossal
Cristiano Imada

- Acorda.

O inesperado tapa joga sua cabeça para a direita em um forte solavanco. Mas não é o susto do tapa, e sim a latência de sua face que faz com que seus pensamentos voltem a surgir, indo e vindo como ondas, confusos e ardentes, tal qual suas memórias. Lentamente você abre o olho, as pálpebras pesam a levantar e as pupilas focam as imagens com dificuldade. Você não sabe onde está, tudo o que pode ver é a silhueta de seu carrasco logo à frente, além dele, escuridão. A única fonte de luz está logo acima de sua cabeça, ofuscando-lhe.

Os sentidos retornam pouco a pouco, embora isso não seja tão bom quanto gostaria. Cada centímetro de seu corpo urra de dor: o tato denuncia ossos quebrados, unhas arrancadas, dentes perdidos, o cu rasgado, milhares de cortes pela pele e queimaduras nos raros locais incólumes. Todas essas horríveis sensações mesclam-se e torturam sua alma, quase arrancado sua humanidade. O olfato sussurra uma mensagem sangrenta, suada e podre à sua narina. A visão borra. Os pensamentos voltam a se dissipar, a ficarem intangíveis... Sua mente lhe diz que “adormecer é melhor”...

- NÃO DESMAIE. NÃO AGORA, SEU INFELIZ.

Um movimento brusco, e então você sente como se tivesse levado um tiro no estômago. O ar fica denso, árduo de ser tragado. O soco não passou de uma cortesia, que fez com que sua atenção se desviasse um pouco do resto de seu corpo.

- Vou te perguntar MAIS uma vez: quem é a porra da sua conexão??? Me responde, filho da puta!

Há quanto tempo está ali? Uma semana parece razoável, mas não é possível. Uma hora? Muito pouco. Pense racionalmente... Tente lembrar-se... Antes de ser algemado naquela cadeira, onde você estava? Em um carro... Encapuzado... Você ouviu a voz de duas pessoas na frente... Estava sentando entre duas pessoas atrás... E antes disso? Pense... Pense... Em casa! Dormindo... Por que te pegaram? O que você fez? Quem é você?

- ... sabe? Diga! Quais as suas provas? Como as consegui...

Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você? Quem é você?

O que você fez?

- Seu merda! Você não sabe com quem está lidan...

-X-

A porta abre. Você corre eufórico: ele chegou. Seu pai entra tropeçando em casa e empurra a porta, que se fecha com um estrondo. Ele cambaleia até o sofá e se joga sobre ele. Você se aproxima cauteloso, e o admira: um guerreiro cansado após uma batalha colossal. As rugas são como cicatrizes de guerra, que adornam seu olhar austero, olhar que torna qualquer conversa desnecessária, pois suplanta qualquer palavra. Você se aproxima mais. Ele ronca feito um leão, um ronco digno de seu porte. Seu bafo é amargo e horripilante, como deve ser o bafo dos dragões.

Ele vira a cabeça e abre os olhos, então o encara. Temeroso por ter despertado o gigante, você salta para trás.

- Cresça... Ic... E se torne um grande ho... Ic... mem... Seja honesto e defenda seus Ic... ideais... Não tenha medo de Ic... ninguém.... Não me decepcione...

Então ele se virou e adormeceu novamente.

-X-

- Passa a bolaaaaaa! – Você grita a plenos pulmões, e para sua felicidade é atendido: a bola vem rasante e precisa para seus pés.

- Irmão! – Seu irmão grita lá de sua casa. Você está com a bola nos pés... o segundo de decisão se prolonga... pode ver o que ele quer depois... o suor escorre pelo seu rosto... marcar o gol agora... O Betinho aproveita sua indecisão e toma a bola, dribla um, dribla dois, dá um chapéu no goleiro e marca mais um pro time adversário.

- PÔÔÔÔÔÔ! – Você sai da rua berrando, atravessa o quintal, e chega à porta de sua casa, onde seu irmão está parado, cabisbaixo e arqueado com as mãos nos joelhos.

Há algo de estranho nele... ele está... chorando?

- O pai... O pai... O pai foi... – Ele faz uma pausa, respira fundo e limpa a coriza de seu nariz – O pai foi morto... – Ele ajoelha-se, como que pedindo desculpas.

- Morto? Ele foi pro céu? Tá com a mamãe? A gente não vai mais ver ele? – Você indaga com os olhos marejados – Porque eles nos abandonaram?

-X-

Você está na casa dos seus tios, ansioso para completar logo seus doze anos. Olha o calendário preso na parede: faltam 5 dias para ganhar um presente. Então você volta para a sala e senta-se em frente à tv. Seu tio logo sairá do banheiro para vocês continuarem a assistir o filme. A imagem está congelada na cena em que o soldado norte-americano levanta a bandeira de seu país. Você admira a bravura daquele soldado. Ele te lembra alguém... Patriota, incorruptível, perseverante, colossal, alguém disposto a dar seu sangue por uma causa maior. Quem era ele mesmo?

-X-

Você está do lado de fora de seu quarto, emburrado. Já tem 13 anos, mas como divide o quarto com seu irmão, tem que seguir as regras que ele impôs, e que você não agüenta mais - uma delas é não poder ficar no quarto todos os dias das 15 às 17 horas.

Debaixo da porta começa a sair aquele cheiro novamente, um cheiro agradável até. Quando perguntou ao seu irmão o que era, ele lhe disse que era incenso e em seguida mandou calar a boca, assim como também o relembrou que não era para contar aos tios que todos os dias os amigos dele iam lá e ficavam trancados no quarto por duas horas ouvindo rock.

Então uma música bonita e misteriosa começou a entoar e preencher o ar, te tranqüilizando e te acalmando...

And it's whispered that soon, if we all called the tune
Then the piper will lead us to reason
And a new day will dawn for those who stand long
And the forest will echo with laughter

-X-

Dezesseis anos e alguns meses de idade e você ainda não arranjou uma namorada. Agora que a escola inteira sabe que seu irmão está preso há quase dois anos por tráfico de drogas, suas chances acabaram por se reduzir a quase zero. Você joga sua mochila no canto do quarto, aliás, o quarto é a única coisa boa que seu irmão lhe deixou.

- Filho... teve uma rebelião... – Você se vira. Seu tio está na porta de seu quarto. – Seu irmão... como posso te dizer?... Ele...

Você não precisou que ele terminasse a frase para começar a chorar.

If there's a bustle in your hedgerow
Don't be alarmed now
It's just the spring clean for the May Queen
Yes there are two paths you can go by
but in the long run
There's still time to change the road you're on
And it makes me wonder…

-X-

As imagens passam rápido, como num filme acelerado. O ingresso no exército, o treinamento exaustivo, a glória de servir ao país, e, então, a decepção de descobrir que “servir ao país” resumia-se a carpir mato. A descoberta da polícia incorruptível: o BOPE - a tentativa de ingressar nela começando pela polícia militar, e a nova decepção: a corrupção da polícia. Sem conseguir completar os dois anos necessários como PM para ingressar no BOPE, você torna-se detetive particular. Outra decepção: seus casos praticamente se resumem a maridos ou esposas desconfiados da integridade de seus parceiros. Algo lhe diz: “A vida passa rápido depois dos 21”. De fato, você mal se lembra de quando começou a investigar políticos corruptos por conta própria...

-X-

Um toque de telefone.

Você acorda. O seu carrasco está falando algo com alguém no celular. A dor é algo distante agora, há serenidade e silêncio em seu espírito: uma metamorfose está quase completa, um gigante está para nascer.

O torturador coloca o celular em seu ouvido direito, e vira a face para o outro lado, com repugnância do cheiro de merda e sangue que seu corpo exala. Uma voz começa a ser ouvida e você a reconhece: é um daqueles que estava investigando.

- Eu ofereci mais do que você merecia...

Você estava investigando um caso de desvio de dinheiro para uma universidade federal. Até tinha conseguido apoio do reitor e outros membros da instituição que queriam o fim da picaretagem.

- Você poderia pegar esse dinheiro, sumir e começar outra vida...

Todos aqueles que te ajudaram acabaram mortos. Frustrado e sem pistas, você resolveu passar para uma tática ainda mais ousada.

- Sorte que sua família inteira já morreu...

Você enviou cartas para as residências dos suspeitos dizendo que tinha provas contra eles, pediu uma quantia exorbitante em dinheiro, e disse que caso fosse morto ou suas exigências não fossem cumpridas, uma pessoa de confiança enviaria cópias das provas para diversos jornalistas, juízes e qualquer outra pessoa que pudesse complicar suas vidas. Porém, eles foram mais espertos: apenas o capturaram, não o mataram ainda.

- ... ou você aceita sua vida como pagamento, ou você e seu amiguinho morrem juntos...

É claro, você não queria dinheiro algum, não possuía ninguém de confiança disposto a arriscar sua vida, e muito menos alguma prova. Tudo o que possuía eram suspeitos, e finalmente um deles revelou-se o verdadeiro autor do crime.

O crápula continua a falar suas besteiras no celular. O carrasco ainda está com a face voltada para o outro lado, tentando respirar um ar menos podre. Você percebe que preso no que sobrou de seu ânus há uma farpa que se soltou da clava que fora utilizada na tortura. Uma vez que as mãos estão algemadas para trás, não é difícil alcançar a farpa com os dedos. Puxá-la e desprendê-la da carne putrefata que agora está entre as nádegas é doloroso, porém agora a dor não passa de uma sensação trivial. Você a introduz no fecho da algema e imita um tossido para disfarçar seu clique.

Você agarra velozmente o braço do torturador e o gira, quebrando-o. Antes que ele possa emitir qualquer som, você puxa seu braço, e agarra sua traquéia, esmagando-a com ódio e vingança. Após alguns segundos segurando-a, ele pára de se debater e morre por sufocamento.

Você desamarra seus pés calmamente e levanta-se, ignorando a dor. Consegue enxergar melhor agora: há uma porta imensa entreaberta mais à frente. Você está em um imenso galpão. Aproxima-se da porta lentamente e espia o lado de fora. Há um homem sentado mais à frente, virado de costas, fumando um cigarro. Uma música toca baixo; provavelmente o homem a está escutando. Você pega um machado encostado na parede do lado de dentro, abre a porta vagarosamente, aproxima-se por trás dele cautelosamente e o degola.

Em seguida olha ao redor. A brisa bate em seu corpo, lembrando-lhe que está nu. “Os outros dois devem ter ido embora, esse deve ser só o motorista do torturador”, você conclui. Revirando o corpo degolado, acha as chaves do carro estacionado próximo à parede do galpão; é do carro que vem o som. A música é familiar: lembra as músicas que seu irmão ouvia enquanto fumava maconha trancado no quarto. Você se deixa embalar por um momento pelos riffs, que vibram na mesma intensidade da sua alma: uma canção de ódio.

Você entra no dodge e liga a ignição. O motor ronca feito o rugido de um dragão, os pneus urram como leões. Você cruza a porteira da fazenda levantando poeira e entra na BR, acelerando a toda, no ritmo da música.

- Eu vou matar todos vocês. – Jura para si mesmo.

I AM IROONN MAAAANNNN!!!!!!!! – a música se torna uma canção de guerra.

----------------------

E aí, o que achou do conto? COMENTE!

Em breve: a 5ª edição!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

*Aurora - CEBolso nº1

Esse conto é da autoria de Alvaro Souza (que ocupa nosso estimado cargo de revisor) e foi publicado na 1ª edição da Contos Extraordinários Bolso, um encarte que acompanha a edição 4 da revista principal. Se você não comprou ela ainda, PUTA MERDA, tá esperando o quê???

---------------------------
Aurora
Alvaro Souza

De olhos fechados, sentia a raiva que se insinuava havia já alguns minutos aumentar; lenta, mas irreprimível. Abriu os olhos, por mais que não o quisesse - abri-los era sacramentar o fato de que ainda estava consciente. Por que ainda estava consciente? Ou, talvez, por que estava consciente? Encarando o teto, num escuro cada vez mais penumbra, viu que a noite dissolvia-se em manhã rápido demais. Era sempre rápido demais.

Toda noite a mesma coisa: demorava a pegar no sono, um sono entrecortado e inquieto, do qual despertava inúmeras vezes sem razão aparente, e que se interrompia totalmente, como que por mágica, sempre antes da hora de levantar. Tentara de tudo, desde exercícios físicos durante o dia, para ver se ficava cansado, a chás, e até alguns remédios. O resultado era sempre o mesmo. Já desistira de conseguir adormecer cedo, abdicara a qualquer pretensão de dormir sem interrupções, nada disso importava mais. O que ainda queria, aquilo de que ainda precisava, era não acordar mais antes da hora.

Fechou os olhos novamente e virou-se para a esquerda, puxando a coberta sobre si. Descobriu os pés, mudou o braço direito de posição e mexeu a cabeça no travesseiro. Virou de bruços. Virou-se outra vez, agora sobre o lado direito. Embolou um pouco da coberta entre os joelhos e abraçou o outro travesseiro. Nas primeiras noites, lamentava-se, de uma forma ainda um tanto despreocupada. Quando ficou certo que um padrão se formava, exasperou-se ao ponto das lágrimas. Agora, sentia apenas raiva. Muita raiva.

Tornou a abrir os olhos, e a voracidade com que o quarto ficara mais claro desde a última olhada inflamou a sua ira. O dia sempre parecia aproximar-se num ritmo enlouquecido, impondo-se mais e mais sobre ele, desdenhosamente, zombando de seus patéticos esforços em arrancar da noite ainda quaisquer 10 minutos de sono.

Esse tempo que passava acordado rolando na cama, logo antes de levantar, eram os piores 30, 40 minutos – às vezes mais de hora – do seu dia. Era o momento de insônia em que estava mais consciente, o tempo de descanso que mais sentia que iria fazer falta ao longo do dia. Mas, mais do que isso, era tempo que ele passava parado sem fazer nada.

E quando ficava parado sem fazer nada, remoía.

Virou para cima e encarou o teto.

Poderia simplesmente levantar-se e arrumar algo com o que se ocupar, mas, em sua cabeça, precisava esperar o despertador tocar. Era mais que um despertador, era um símbolo, levantar depois de seu toque era levantar no horário, dentro da normalidade. Como alguém que nada tem a temer. Como deveria ser.

Fazê-lo antes disso era fugir, reconhecer que era incapaz, fraco demais para encarar tudo o que assaltava sua mente enquanto ansiava pelo despertar do relógio (indelevelmente atrasado em relação ao seu), tudo o de que tinha que se arrepender, tudo o que vinha culpá-lo, tudo o que vinha frustrá-lo.

Já tentara adiantar o despertador. De 6:20 passou a 6:00, e então a 5:40, 5:20. Mas era como se sua mente requisitasse aquele momento para confrontá-lo. Com o tempo encontrara, durante o dia, formas de distrair-se, de ocupar-se, de não pensar, de não encarar. Então sua consciência cobrava-lhe aquele tempo de seu sono para lembrá-lo de que não havia escapatória.

Fechou os olhos com força e virou-se para a parede, encolhendo-se. Sua consciência. Desgraçada! Por que não havia escapatória? Achara um meio de levar os dias com um pouco mais de paz, e ela, então, encontrou um jeito de arruiná-los antes mesmo que começassem. Apertou mais a coberta entre os dedos. Estava cansado de tudo aquilo, cansado da raiva com a qual já se levantava! Por que tinha que lembrar? Por que tinha que encarar? Estava cansado de se sentir culpado, cansado de se sentir frustrado.

Era passado! Não fazia ele agora tudo o que podia? Cerrou os olhos com ainda mais força. Preparou-se para a resposta que, sabia, estava vindo esmurrar-lhe a boca do estômago ainda uma vez mais:

Não.

Fazia tudo o que conseguia, e sua maldição era não conseguir fazer tudo o que podia, era não estar à altura de tudo aquilo de que era capaz, não corresponder a um potencial que...

É HORA DE LEVANTAR – SÃO – 5 HORAS – E – ZERO MINUTO – É HORA DE LEVANTAR – SÃO – 5 HORAS – E – ZERO MINUTO – É HORA DE LEVANTAR - __

---------------------------

É provável que todas as vezes que publicarmos uma edição da CEBolso, seus textos venham parar aqui no blog, na íntegra, para apreciação geral.

Por isso fica registrado o pedido de comentários a respeito da obra, que podem ser feitos aqui no próprio blog - afinal, os autores estão sempre esperando algum tipo de reação, seja ela qual for. Gostou? Detestou? Curtiu pra caramba? Quase dormiu lendo? Deixe suas impressões aqui! Comente! Para os que não sabem como, é fácil: clique na palavra COMENTÁRIOS logo no fim deste post (não há necessidade de se identificar; caso prefira, escolha a opção anônimo).

Logo postarei o outro conto da CEBolso nº 1: Metamorfose Colossal, de Cristiano Imada.

Aguarde!

Em breve: a 5ª edição!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

4ª edição FINALMENTE à venda!

Essa edição deu MUITA dor de cabeça para ficar pronta. Tive sérios problemas com a impressão, o que tomou dias para resolver. Mas ela está aí, finalmente distribuída pela cidade. Ou seja: corra para comprar o seu exemplar.

Novamente, tivemos alterações nos pontos de venda. Confira:

- Temos uma nova adição: a Banca Oliveira, localizada na rua Filinto Müller, próxima ao Cartório do 7º Ofício.

- Os seguintes pontos não colaboram mais com a revista: Bazar do Livro 2, Banca Goiabeiras, Banca do Zé e Banca 3 Américas.

Para conferir a lista renovada dos pontos de venda, clique AQUI.

----------------------

A Contos Extraordinários encontra-se à venda também em alguns eventos: é a nossa banquinha itinerante. Amanhã (sábado) estaremos marcando presença no 1º Festival VGdáMOSH, que será realizado em Várzea Grande. Se estiver de bobeira, dê uma passada lá e aproveite para levar a revista!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Capa da 4ª edição, desenhos e CEBolso!

Demorou mais que o normal, mas finalmente ficou pronta. A 4ª edição está no estágio final de produção e logo estará distribuída pela cidade. Alguns poucos puderam adquiri-la ontem, no último dia do Festival Calango, em que levei algumas recém-saídas do forno.

Clique na imagem para ampliá-la:



Seguem alguns desenhos que encontram-se no interior da revista:







Agora, a grande novidade: a quarta edição traz junto um encarte, o Contos Extraordinários Bolso. É uma pequena revista com 1/4 do tamanho da sua irmã maior, toda em preto e branco, que trará sempre pequenos contos não necessariamente de minha autoria. Nesta edição, dois outros escritores publicam seus primeiros trabalhos. Não há um planejamento certo, não há periodicidade definida, mas sempre que possível estaremos lançando mais edições, assim como outras coisas.

Aguarde!








segunda-feira, 4 de agosto de 2008

CE na Folha do Estado

O jornal Folha do Estado publicou hoje, na capa de seu caderno de cultura (FOLHA3), uma matéria a respeito da Contos Extraordinários. Segue a matéria, transcrita na íntegra (mesmo) da edição impressa:

-----------------------------------------

Arte que é verdadeiramente independente!
RONIVALDO RIBEIRO
Reportagem Local

Quem tem ou já teve alguma pretensão literária sabe como é difícil manter a regularidade do ofício. Entre o escritor e seu trabalho, há sempre as exigências mais urgentes do mundo, a súplica dos pais e o chamado inevitável da rua e dos amigos para que se volte ao “mundo real”.

Há, ainda, o desamparo trazido pela ausência da namorada ou simplesmente o prosaico desejo de concórdia humana que todos carregam em si. Pra piorar, tem também as dificuldades práticas, como a de não se ter meios disponíveis para divulgar e distribuir sua arte, que no fim das contas vai ser valorizada por muito pouca gente.

Mesmo com todas essas dificuldades, há os que insistem em se meter nessa selva escura. Ricardo Santos é um deles. As barreiras subjetivas ele vence como todo mundo e os problemas práticos... bem, contra esses o escritor resolveu montar um exército de dois homens só. Ou melhor, uma editora de apenas dois.

“Escrevo desde os 10, 11 anos e nunca quis fazer outra coisa na vida. Já trabalhei com jornalismo, mas me decepcionei com o dia-a-dia das redações, então, tranquei a faculdade e resolvi montar uma editora alternativa com o Mauro Thompson. Combinamos que eu escreveria e ele iria ilustrar as histórias”, conta Santos.

Não obstante, quando os dois descobriram quanto dinheiro isso custaria da forma convencional e como o amor à literatura pulp fiction e aos quadrinhos era latente, resolveram levar a sério o lema punk “faça você mesmo”.

Por conseqüência, logo Ricardo se viu às voltas com as impressões a jato de tinta em papel sulfite, a guilhotina de escritório e o grampeador para poder lançar o primeiro volume de seus “Contos Extraordinários”, de periodicidade “quase semanal”, uma tiragem média de 250 exemplares, apenas R$ 3 de valor de capa e produção feita absolutamente no peito e na raça.

“Tem os que esperam e brigam por dinheiro público ou privado para só então levantar a bunda da cadeira e fazer qualquer coisa. Gosto de pensar que conseguimos correr atrás e fazer algo verdadeiramente independente aqui em Cuiabá”, argumenta Ricardo Santos.

O processo também leva à completa liberdade artística. “Como ninguém banca o que fazemos, não temos que responder a ninguém. Logo, podemos fazer tudo de forma não convencional, do texto à impressão”, lembra Ricardo.

Como suporte aos livros-revistas, o escritos criou um blog – http://www.contosextraordinarios.blogspot.com/ – para deixar o leitor completamente ciente de como é a produção dos contos e dos desenhos. “Nós contamos tudo com textos e fotos”, como bons viciados em HQ’s.

Os principais temas de Ricardo Santos, Mauro Thompson e agora Alex Leite passam pelo caos e a violência da existência humana no concreto e no asfalto. “Gosto de pensar no que escrevo como crônicas da vida urbana”, define o próprio Ricardo.

A inspiração para as histórias teve uma pequena ajuda – e todo mundo que escreve sempre tem – de ramos aparentemente tão díspares da arte quanto da literatura de Chuck Palahniuk (“Clube da Luta”, “Cantiga de Ninar” e “Sufoco” traduzidos para o português), Bernard Cornwell (“O Condenado” e a trilogia do Rei Arthur), das histórias em quadrinhos, Garth Ennis (autor de, entre outros, “Preacher”), Frank Miller (também escritor de HQ”s, criador do clássico “Cavaleiro das Trevas” e “Sin City”, entre vários outros), Neil Gaiman (Sandman), Mark Millar ( “O Procurado” e “Poder Supremo”) até os cineastas Quentin Tarantino (“Pulp Fiction”, “Kill Bill”, “Cães de Aluguel”), Guy Ritchie (“Jogos, Trapaças, Dois Canos Fumegantes” e “Snatch”) e Christopher Nolan (“Amnésia”, “O Grande Truque”, os dois últimos “Batmans”).

Tudo que o autor deseja agora, é seguir conseguindo escrever, produzir e distribuir ele mesmo seus livros. E Ricardo parece estar no caminho certo. “Já fiz contatos e mandei livros para São Paulo, Santa Catarina e até para os Estados Unidos. Quero ver se consigo ampliar minha capacidade de distribuição”.

Como o cara tem só 21 anos e a força de vontade típica dessa idade, fica difícil duvidar.

“Como ninguém banca o que fazemos, não temos que responder a ninguém. Logo, podemos fazer tudo de forma não convencional, do texto à impressão”, diz Ricardo
-----------------------------------------

Vale lembrar que na edição da semana passada do jornal CIRCUITOMATOGROSSO a Contos Extraordinários ganhou destaque na coluna Inclusão Literária, de Clóvis Matos. Ele também publicou uma nota em seu blog (clique AQUI para acessá-lo). Valeu pela força, Clóvis!

Quanto à edição 4, ela atrasará um pouco mais que o normal, pois tive que me ausentar da cidade por alguns dias e interromper o processo de produção. A intenção é que ela esteja pronta para ser revendida no Festival Calango, realizado em Cuiabá, que começa no dia 08 de agosto (sexta-feira).

Em breve postarei mais informações. Esperem por alguns novos desenhos, assim como a revelação de uma grande surpresa, inclusa na quarta edição.