sábado, 28 de junho de 2008

Palhinha do segundo conto

A edição n.º 2 segue para as fases finais de produção. No começo da semana, se Zed não ficar doente, ela provavelmente já estará à venda. Enquanto isso, vamos adiantando alguma coisa pra vocês da próxima história.

Antes, acho importante explicar algo aqui, já que muitas pessoas andaram me perguntando a respeito: SIM, os contos são fechados, são histórias diferentes que começam e terminam na mesma edição. Portanto NÃO esperem que a história da edição 1 (com Jonathan, Santiago e Olho-Torto) continue na edição 2: é outra história, outro conto.

Muitos acabaram se confundindo com relação à citação de que os 10 contos constituem uma saga. Sim, as 10 histórias têm interligações, na maioria das vezes bem sutis, mas são completamente independentes. A única exceção à regra será a última, mas ainda falta um longo caminho até lá.

Basicamente, você pode começar a ler a Contos Extraordinários a partir de qualquer número. Pode até não ler mais nada, afinal, os contos foram criados para funcionarem sozinhos, independentes dos outros. No entanto, será uma experiência totalmente diferente se você acompanhá-las na ordem cronológica de lançamento, ou mesmo fora da ordem, já que a publicação não segue a ordem cronológica das histórias. O ideal é o seguinte: ler todas.

No mais, fiquei lisonjeado com o fato de algumas pessoas quererem ler a continuação do conto O Nascimento de um Mercenário, um claro indicativo de que gostaram da história.

Para os que acharam esse conto um pouco violento e trágico, a única coisa que posso adiantar é: bom, vocês ainda não viram nada.

Agora, sem mais embromation, a palhinha do segundo conto:

-----------------------------

Espólios de Guerra
Estilhaços, promessas e isqueiros

Eles seguem cautelosos. A luz da lua é fraca, e sob as copas densas das árvores, praticamente inexistente. Os grilos, mosquitos e outros insetos fazem coro com o vento batendo nas folhas, numa trilha sonora de quietude apreensiva. Os olhos, já acostumados com o breu, distinguem o que se vê poucos metros à frente, mas nunca o bastante para se ter certeza. Não há como não fazer barulho, por mais que tentem. Folhas caídas, galhos secos, terra e grama torcendo-se sob a sola de botas surradas, o atrito das roupas. Tudo nessa hora pode denunciá-los, até sua própria respiração. E, segundo alguns dos veteranos mais supersticiosos - e desocupados - os próprios pensamentos chegam a atrair atenção - manter a cabeça vazia é o lema corrente.

São catorze homens. As roupas camufladas não fazem a mínima diferença agora, apenas os rifles em suas mãos e as granadas na cintura. Os capacetes bem amarrados pressionam suas cabeças cansadas, com olhos marejados pelo desgaste, pela excruciante exigência física e mental.

Eles param. Na frente, o sargento faz um gesto rápido com a mão e todos se abaixam. Silêncio. Olham ao redor, assustados. As mãos suadas seguram os rifles com uma força descomunal, reflexo da compreensão de que aqueles pedaços de metal fazem a diferença entre matar e morrer. O sargento se levanta depois de alguns segundos e todos acompanham-no.

Um estrondo ecoa. Um clarão à esquerda. O sargento cai, o caos se inicia. Os inimigos, estrategicamente escondidos ao redor da trilha, agora saem de seus esconderijos improvisados atrás dos grossos troncos de árvores e arbustos altos e começam a ofensiva. Os soldados, encurralados, empunham seus rifles e lutam por suas vidas cerrando os dentes com tamanha força que quase se quebram. Eles se jogam ou rolam para os lados, afastando-se dos companheiros e mantendo-se agachados para não se tornarem alvos fáceis, e mesmo alvejados atiram contra as silhuetas que cruzam as sombras da floresta. Os homens vão tombando, tanto os soldados no centro quanto os inimigos ao redor. A freqüência dos estrondos diminui gradualmente, os clarões cessam, tudo se silencia novamente.

No chão, agachados, apenas dois soldados. Eles olham ao redor e se identificam.

- Gaspar, é você? - diz um deles.

- Sou eu, Elias. Que merda foi essa? - diz o outro, levantando-se.

- Uma bela duma emboscada, isso que foi - fala Elias, verificando o primeiro soldado caído ao seu lado.

Eles caminham por cada um dos inimigos caídos para certificarem-se de que estão realmente mortos e não representam perigo; alguns tiros resolvem o problema. Em seguida, averiguam os companheiros abatidos. Nenhum vivo.

- Puta merda! Só sobrou a gente - solta Elias enquanto pega o rádio de um deles. Ele informa o que aconteceu e seu superior ordena que retornem ao acampamento o mais rápido possível.

Os dois guardam em suas mochilas o máximo que conseguem de armas e munição. Depois inutilizam as armas restantes, tirando os ferrolhos e jogando-os no meio do mato. Retiram as plaquetas de identificação do pescoço dos companheiros mortos e recomeçam a andar na direção que o grupo seguia.

- Reza pra gente não achar mais nenhum desses bostas no caminho.

- Heh. É mesmo. Se acharmos estamos fodidos - comenta Gaspar. Depois de alguns segundos ele começa a rir e volta a falar com o amigo - você sabe o que isso quer dizer, não é Elias?

- Ah, pelo amor de Deus, não me vem com essa história do isqueiro de novo.

- Mas foi ele, Elias! - diz Gaspar, tirando um Zippo todo estragado do bolso da camisa - Eu sei que foi ele! Não te disse que era meu amuleto da sorte? Por que você acha que só nós dois sobrevivemos? E sem nenhum arranhão!? - esbraveja o homem, erguendo o isqueiro na cara do amigo.

- Ah, vai se ferrar - diz Elias, tirando o braço do companheiro da sua frente - é a mesma coisa que eu pegar uma moeda e falar que é meu amuleto também. Você ouviu o sargento Rock falar na semana passada: confiar em amuletos é besteira. Eles se tornam uma muleta e você acaba confiando nela em vez de em suas habilidades.

- Você sabe que esse caso é diferente. Se não fosse pelo isqueiro, eu teria morrido no primeiro dia aqui. Você estava lá, oras - diz Gaspar, lembrando-se do tal dia em que uma bala inimiga alojou-se no pequeno isqueiro guardado no bolso de seu colete, ao invés de em seu peito. Além disso, o isqueiro estragado continuava funcionando, de alguma forma inexplicável. Àquela altura ele já não tinha mais fluído e não produzia fogo, mas Gaspar o guardava sempre no mesmo bolso, como uma jóia preciosa.

- Ah, tá bom, tá bom. Guarda essa bosta - falou Elias, impaciente - Agora cala essa boca ou nós vamos acabar atraindo atenção se houver mais algum desses malditos escondidos no caminho, e aí não vai ter isqueiro que salve o nosso traseiro.

Com um resmungo, Gaspar guardou seu precioso amuleto e continuou a marcha. Em alguns minutos estavam são e salvos no acampamento.

-----------------------------

E aí, curtiram? Comentários liberados, sintam-se à vontade!

Em breve: a capa da segunda edição!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Contos Extraordinários agora nas livrarias!

A revista Contos Extraordinários agora está à venda também nas livrarias Adeptus dos Shoppings 3 Américas e Goiabeiras, em Cuiabá.


Livraria Adeptus - Shopping 3 Américas


Livraria Adeptus - Shopping Goiabeiras


- Também disponibilizamos displays artesanais em alguns pontos de venda, para dar um pouco mais de destaque às revistas, permitindo-a ficar em pé nos balcões dos estabelecimentos.



segunda-feira, 23 de junho de 2008

Errata da 1ª edição

Infelizmente nem tudo saiu como planejado nessa primeira edição. Embora as partes pertinentes ao conto - sem dúvida as mais importantes - tenham ficado intactas, as seções Editorial e No Próximo Número (localizadas nas páginas 2 e 15, respectivamente) de muitas revistas saíram com alguns problemas, como pequenas falhas que ocultam certas palavras ou pedaços do desenho. Isso aconteceu devido à impressão colorida da capa, que acabou impossibilitando (de alguma forma misteriosa) que o xerox no outro lado do papel não tivesse fixação total da tinta.

O responsável pela xerox, Zed (um marciano que treinamos e educamos desde 1999), nos disse, no pouco que conseguimos capturar de sua atrapalhada forma de falar, que muito provavelmente isso aconteceu devido à algum distúrbio de energia cósmica no setor Alfa-J1 de nossa Galáxia. Como não conseguimos relacionar um evento tão longínquo com essas pequenas falhas, apenas concordamos com o Zed (ele fica muito nevoso quando contrariado, e - acredite - você não quer ver um marciano com complexo de altura zangado), e decidimos que a forma mais fácil de consertar esse erro seria através do blog, ferramenta irmã da publicação impressa.

Assim, disponibilizamos aqui as duas seções isentas de falhas, para que os prejudicados possam usufruí-las na íntegra, como planejado previamente (clique nas imagens para ampliá-las):









Esperem outras erratas como essa toda vez que ocorrer algum erro (cagada). Zed fica chateado quando algo assim acontece, mas nós o perdoamos (esperamos que vocês também).


Enquanto isso...



...a Contos Extraordinários começa a alçar vôo.

Primeira edição enviada para o exterior. No caso, para Williamstown, Massachusetts, EUA.

E aí, já comprou a sua?

sábado, 21 de junho de 2008

Pontos de venda!

Esse post estava prometido para ontem, mas no fim das contas distribuir as revistas nos pontos de venda não foi tão fácil e rápido quanto eu esperava. Mas agora, finalmente, listamos aqui os locais onde a revista Contos Extraordinários pode ser encontrada.

Quem acompanha o blog já sabe disso: a primeira edição traz o conto O Nascimento de um Mercenário: dinossauros, bebês e long-necks. Ela tem 16 páginas e vem lacrada no plástico, por apenas R$3,00.

São 12 pontos de venda em Cuiabá-MT:














Livraria Adeptus - Shopping Goiabeiras
















Livraria Adeptus - Shopping 3 Américas




Livraria Janina
- Shopping Pantanal
















Revistaria Boa Esperança
- na rua 43 do bairro Boa Esperança, ao lado da panificadora Uniserv
















Smoke Tabacaria
- Shopping Pantanal
















Shopping Magazine
- Shopping Goiabeiras
















Bazar do Livro 1
- na rua Antônio Maria, Centro, ao lado da Escola de Música Bebop
















Banca do Luis - na UFMT, no saguão do Instituto de Linguagens (IL)


Pontos de venda alternativos:














Guaraná Indígena
- na esquina da rua Joaquim Murtinho com avenida Isaac Póvoas, Centro

Estúdio Riff - rua Arnaldo de Matos, n.º 241, bairro Goiabeiras, ao lado do Supermercado Catarinense;

Fábio Agassi Luthier - rua Major Otávio Pitaluga, n.º 282, duas quadras atrás do Shopping Goiabeiras;

Máxima Beleza e Saúde - Lóri Hair Stylist - rua Tentente Eulálio Guerra, n.º 871, bairro Santa Helena, ao lado da Sorvetão.


Quando estiver passando por algum desses lugares, não deixe de adquirir a revista!

Vale lembrar que as revistas também podem ser adquiridas diretamente conosco ou ainda enviadas para qualquer um fora de Cuiabá ou do Brasil.

Para pedidos ou quaisquer outras dúvidas, entre em contato conosco pelo e-mail contosextraordinarios@gmail.com.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Produção passo-a-passo da 1ª edição


As folhas chegam fresquinhas da xerox...


...e são dobradas na ordem certa...


...depois é hora de grampeá-las...


...o que acaba gerando essa pancada de folha grampeada...


...o próximo passo é abaixar as pontas dos grampos...


...para se chegar nisso aqui...


...por último vem o plástico que embala e protege a revista...


...e chegamos a isso aqui...


...ou melhor, a isso aqui...


...claro, tudo embalado por um bom e velho Van Halenzinho!


Finalmente o trem tá saindo! Só falta selar as embalagens! Acreditamos que até amanhã estará tudo 100% finalizado, já à disposição nos pontos de venda (e finalmente saberemos quais são, de fato hehe). De qualquer forma, as revistas poderão ser adquiridas diretamente conosco, comigo ou com o Mauro, através do e-mail contosextraordinarios.gmail.com.

Amanhã postaremos todas as informações que você precisa para adquirir a primeira edição da Contos Extraordinários, a módicos R$3,00! Nos vemos aqui!

Em breve: o segundo conto e seus primeiros esboços...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Capa da primeira edição

Agora vai!

Depois de apanhar um bocado, finalmente finalizamos o projeto gráfico da primeira edição. Ainda falta imprimir, xerocar, grampear, lacrar e disponibilizar nos pontos de venda (que serão devidamente informados). Não que vá demorar muito. Acreditamos que em no máximo dois dias tudo isso estará feito.

Enquanto isso, disponibilizamos a capa deste primeiro número (clique na figura para ampliá-la):



Só lembrando que essa é a capa e a contra-capa, pois a folha será dobrada no meio. E sim, nossas esperanças são de que ela (a capa) será mesmo colorida!

O que acharam? Vocês comprariam uma revista assim na banca? Eu com certeza compraria hehe.

Comentem!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Continuação do 1º conto e mais esboços

Enquanto a primeira edição vai extrapolando o tempo previsto de produção, vamos adiantando mais algumas coisas. Seguem a continuação do conto, que estará na íntegra na primeira edição da Contos Extraordinários e mais alguns esboços.

------------------------------

A porta se abre num estrondo. A tranca se quebra na hora, e a madeira se espatifa na parede do lado de dentro. O primeiro tiro vai para o homem sentado no sofá próximo à TV. Um tiro de escopeta no peito faz um belo estrago. Ao seu lado, uma mulher de cabelos negros e curtos é alvo de uma saraivada de tiros de pistola. Dois segundos. Caso encerrado.

- Alberto, vai lá dentro ver se tem mais alguém na casa - diz Luis apontando para um corredor à esquerda que leva aos quartos e banheiro.

Na sala, apenas uma mesa no centro e dois sofás de dois lugares em frente à uma TV pequena em cima de um armarinho descascado. Santiago e Luis aproximam-se dos dois para verificar o estrago que causaram. Mortos, sem dúvida.

- Cacete! - diz Santiago, pulando para trás enquanto se aproxima do homem morto pela lateral do sofá.

- Que foi? - diz Luis, levantando a pistola.

- Olha aqui atrás do sofá.

Luis dá a volta e abaixa arma, boquiaberto.

- Puta que pariu...

- Nada lá dentro - diz Alberto, voltando pelo corredor.

- Cala essa boca e vem aqui - diz Luis.

- Que que tem aí? - diz ele se aproximando.

A sua reação não é diferente da dos companheiros.

No chão, um moleque de não mais que cinco anos, segurando um bonequinho de dinossauro. À sua frente, alguns carrinhos de metal e homenzinhos de plástico. Ele olha para os homens visivelmente confuso, mas sério, com os olhos arregalados pelo susto e pelos disparos barulhentos das armas.

- Mata ele - diz Luis, cutucando Santiago com o braço.

- Eu não, mata você.

- Alberto, você então. Acaba logo com isso.

- Porra. Nem a pau. Eu não sou assassino de criança - diz ele, guardando a arma na cintura - Por que você não faz, Luis?

O menino apenas encara os olhos dos três, de acordo com quem fala. Luis mira a pistola na cabeça dele. Fica assim por uns cinco segundos.

O moleque desata a chorar. Embora seja pequeno sabe o que é aquilo que o homem aponta em sua direção. Ele já viu filmes suficientes para entender o que é uma arma.

- Mamãe! - grita o moleque, desorientado, pela mãe, mas não se move. Apenas leva as mãos aos olhos para limpar as lágrimas.

- Porra! - diz Luis, tirando a criança da mira.

Santiago tira a touca.

- Olha, a gente mata todo mundo que vacila com o chefe, mas o que essa criança fez? Não dá pra fazer isso.

- Puta merda, seu idiota. Porque você tirou a porra da touca da cabeça? - diz Luis.

- Que diferença faz? O que esse moleque pode fazer? - diz Santiago, olhando a criança, que a essa altura já está soluçando, mas não desgruda os olhos de seu rosto.

- Ah merda - diz Luis - bom, então vamos embora dessa joça. Algum vizinho já deve ter avisado a polícia. Bora. Põe a porra da touca, Santiago.

Eles saem correndo e entram no carro. A rua continua deserta, a não ser por algumas cabeças em algumas das janelas das outras casas, que se escondem assim que os avistam. Eles se vão, cantando os pneus.

Dentro da casa o moleque se levanta e começa a caminhar na direção da mãe.

- Mamãe?

----------------------









Esses personagens acima vocês ainda vão conhecer...



...quanto a esses três aqui, vocês já conhecem: Alberto, Santiago e Luis (acredito que a versão definitiva deles).


E aí, o que acharam?


Em breve, a capa da primeira edição!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Alguns rascunhos

Enquanto a primeira edição adentra os estágios finais de produção, aqui vão alguns dos rascunhos de M. Thompson, fã confesso de Mike Mignola e Will Eisner.








sexta-feira, 6 de junho de 2008

Palhinha do primeiro conto

Enquanto a primeira edição não sai, aqui vai uma palhinha do primeiro conto, até para quem se interessou ter uma idéia de como vai ser o negócio.

-----------------------

O Nascimento de um Mercenário
Dinossauros, bebês e long-necks

- Então quer dizer que ela não quis ir pra casa contigo? - as palavras são meio que arrotadas por Alberto depois de um longo gole de cerveja.

As janelas abertas do carro até tentam expelir para fora a fumaça exalada pelos três enquanto fumam seus cigarros, mas não conseguem. É muita coisa. Alberto, no banco de trás, é magro e loiro, e tem a cara marcada por algumas rugas precoces - o que ele afirma ser o stress. No banco do passageiro, Santiago é o mais alto, com seu cabelo ralo e ensebado. Luis, o motorista, barrigudo e bigodudo, parece sempre ansioso, com sua testa suada e seus olhos esbugalhados. Eles têm lá seus trinta e poucos anos, embora às vezes ajam como se tivessem dez.

Alberto é quem fala, e ele gosta de falar mais do que deveria. A lata de cerveja em sua mão pinga no banco do carro.

- O que eu podia fazer? Eu devia tá com um bafo violento de cerveja. Pra variar - diz Santiago, no banco de passageiro, rindo de sua própria história.

O endereço escrito à mão no bilhete que ele segura é o que os guia pelas ruas residenciais quietas e mal-iluminadas por postes baixos - os que funcionam.

- Porra Santiago! Cadê a porra da casa? - diz Luis, batendo a mão no volante, impaciente - nós tamos procurando essa desgraça há mais de meia hora e esse idiota não pára de falar merda!

- Eu? Falando merda? Você devia era se gravar pra ouvir depois - aí sim dava pra ouvir um monte de baboseira - diz Alberto, rindo - Porra, essa cerva esquentou - ele joga a latinha meio cheia pela janela, que bate no chão fazendo um barulho agudo e alto.

- Puta merda, seu idiota! - diz Luis, dando um toque no freio que faz Alberto bater a cabeça no seu banco - cê ainda não entendeu que não é pra chamar a atenção, seu bosta?

- Vamos parar com a putaria, os dois. Ali, vira à direita - diz Santiago, que aproxima o papel do rosto pra checar se viu o nome certo da rua, enquanto Luis vira à esquerda.

- Puta merda, Luis! Eu não acabei de falar que era pra virar à direita?

- E eu não virei? - o som de gargalhadas vindas do banco de trás explodem no ar.

- Não acredito que você não sabe diferenciar direita de esquerda! - diz Alberto.

- Ah, vão pra puta que pariu. Só me aponta qual o caminho da próxima vez, porra...

Eles dão a volta no quarteirão e entram na rua indicada previamente.

- É essa aqui mesmo, finalmente - diz Santiago, olhando a plaqueta pregada no muro da casa da esquina.

Eles seguem lentamente e param logo atrás de um carro parado rente ao meio-fio, na frente de uma casa branca pequena entremeada por residências maiores. Na garagem da casa, que é um pequeno espaço além da calçada, outro carro, esse velho e estourado, está estacionado torto.

- Será que o malandro tá com visita? - diz Santiago, apontando o queixo na direção do carro à sua frente.

- Se tiver, o chefe falou que não é pra poupar ninguém. Vamos acabar logo com isso e voltar pro bar - diz Luis.

Alberto pega ao seu lado no banco as boas e velhas toucas pretas, com furos para os olhos. Eles descem do carro e abrem o porta-malas. Santiago pega uma escopeta, e os outros, pistolas. Andando na direção da porta da frente da casa, colocam as toucas na cabeça.

- Prontas, meninas? - diz Alberto, rindo, numa típica demonstração de que perde as melhores oportunidades de ficar quieto.

--------------------------

E aí, gostaram? Os comentários estão liberados para qualquer um, então caso queiram postar algo, sintam-se à vontade.

Em breve: os primeiros esboços!


quinta-feira, 5 de junho de 2008

Inauguração do blog!

Depois de algumas semanas de planejamento e discussão (regadas a muita cerveja), estamos finalmente lançando o blog da revista Contos Extraordinários. Estaremos constantemente postando novidades sobre novas edições, onde pode-se encontrá-las, complementos de histórias, fotos de making of, enfim, tudo relativo ao universo da revista. Que, aliás, ainda nem foi lançada.

Então vamos ao que interessa: que diabos é a revista
Contos Extraordinários?

É uma publicação semanal que apresenta, em cada edição, um conto ilustrado. Nos baseamos nas revistas e livros pulp (os famosos pulp fictions), produzidos com material barato a partir da década de 1920, principalmente nos Estados Unidos. Portanto, não estranhe quando pegar uma edição nas mãos: elas serão frágeis, feitas com papel sulfite A4 xerocado e dobrado. Afinal, a intenção nunca foi criar um artigo de luxo, mas um invólucro simples e - principalmente - acessível para que possamos angariar todo e qualquer tipo de público interessado em ficção, onde quer que as revistas estejam expostas.


Os contos sempre tratarão de temáticas adultas, mas não seguirão uma linearidade pré-definida. Não se assuste ao ler uma edição que se passa no meio de uma guerra se a última foi sobre a vida feliz e tranquila de um jardineiro. É claro que muito provavelmente esse jardineiro é um ex-espião da CIA que, sabendo de mais coisas do que deveria, resolveu simular seu assassinato de uma forma meticulosa e seguir com sua vida normalmente no sul da Austrália, embora os agentes da CIA apenas finjam não saberem da tal história, esperando o momento perfeito para capturá-lo, por algum motivo mirabolante. Afinal, como o nome da publicação sugere, as histórias sempre terão algo de extraodrinário. Se você procura histórias do cotidiano, personagens comuns e acontecimentos normais, bom, sempre há as novelas.

Quanto ao conteúdo em si, começaremos com uma "saga" de dez contos. Eles serão completamente independentes, mas compartilharão algumas conexões que acabarão por complementar a história de alguma forma. Mas não se preocupe com essas conexões: os contos realmente funcionarão sozinhos.

O que asseguramos é que independente da ambientação, teor e ritmo da história, você, enquanto leitor, terá diversão garantida. Caso contrário, peça seu dinheiro de volta! (o que não significa que devolveremos).

Atualmente estamos na fase de produção da primeira edição. Se tudo correr bem, na próxima semana já estaremos disponibilizando-a para venda. Eventualmente estaremos postando as histórias na íntegra no blog, mas começaremos com o saudoso formato impresso. A intenção é distribuir as revistas em diversos pontos de venda, primeiramente em Cuiabá e depois, quem sabe, para fora daqui. Vale ressaltar também que qualquer material que produzirmos poderá ser adquirido diretamente conosco, através de solicitação, de qualquer lugar do mundo.

Nossa equipe é pequena e inexperiente, portanto não estamos isentos de cometer (muitos) erros. Somos apenas dois: Ricardo Santos escrevendo e M. Thompson ilustrando - e os dois correndo atrás de todo o resto.

Para entrar em contato, o e-mail é contosextraordinarios@gmail.com.

Em breve, mais informações sobre o lançamento da revista, entre outras coisas.

Acompanhe!